segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Portões do inferno foram roubados


Timothy Garton Ash


Entre o Hannukah e o Natal, o letreiro na entrada do campo de extermínio de Auschwitz foi roubado. A polícia polonesa recuperou-o e prendeu os ladrões, que aparentemente tinham recebido uma encomenda do exterior. Lutamos para imaginar que tipo de ser humano gostaria de um objeto desse na sua coleção particular. Por todo a carnificina, escravidão e tortura ali perpetrados , Auschwitz continua sendo, para os europeus da minha geração, o símbolo da maldade humana.

Este grotesco episódio encerra um ano em que as relações entre cristãos e judeus em geral, e cristãos poloneses e judeus poloneses em particular, mais uma vez se tornaram objeto de discussão. Os fantasmas do passado de uma Europa do Leste torturada fizeram muito alarde pelos corredores de Westminster, quando os conservadores anunciaram sua aliança no Parlamento Europeu com um grupo de partidos de direita, principalmente da Europa Central e do Leste, sob a liderança de Michal Kaminski, do Partido da Lei e da Justiça, da Polônia.
Na controvérsia que se seguiu, o autor e ator Stephen Fry declarou que "esta é uma história do catolicismo de direita profundamente perturbadora para aqueles que conhecem um pouco da história e lembram de que lado da fronteira estava Auschwitz". Um pouco da história. Culpar os poloneses católicos pelo campo de extermínio nazista em território polonês anexado pelos alemães, campo onde católicos poloneses também foram presos e mortos, é um absurdo tão grande que a observação da Fry sofreu uma avalanche de críticas; e ele, rapidamente, se desculpou.

Mas não se trata apenas de insensatez de um cidadão inglês. Ao ver uma notícia na TV alemã sobre o julgamento de John Demjanjuk, há algumas semanas, fiquei estarrecido quando o apresentador descreveu Demjanjuk como um guarda "do campo de extermínio polonês de Sobidor". Que tempos são estes, quando uma das principais tevês da Alemanha acha que pode descrever campos nazistas como "poloneses"? Pela minha experiência, a equação automática da Polônia com catolicismo, nacionalismo e antissemitismo - e assim culpá-la pela associação com o Holocausto - é uma ideia que ainda persiste na Europa Ocidental e na América do Norte. Essa acusação coletiva não faz justiça aos antecedentes históricos. Nela não há lugar, por exemplo, para a incrível história de Witold Pileck, oficial polonês que foi preso voluntariamente em Auschwitz para descobrir o que se passava ali. Ele passou dois anos e meio no local, conseguiu passar clandestinamente informações para fora do campo e depois escapou.

Lutou no levante de Varsóvia contra os nazistas e sobreviveu aos últimos meses no campo de prisioneiros de guerra, para depois ser preso e torturado pela polícia secreta comunista na Polônia ocupada pelos comunistas, sendo executado em 1948.

Esses estereótipos provocam uma reação defensiva da parte dos poloneses, o que dificulta sua reconciliação com a história inquietante do antissemitismo católico e polonês (ele não está confinado à direita; o Partido Comunista polonês foi abalado por uma notória campanha antissemita em 1968). Especialmente depois que a Polônia reconquistou sua liberdade, esse processo de reconciliação com o passado estavam bem encaminhado. No início desta década, a descoberta por um historiador da carnificina de judeus na pequena cidade polonesa de Jedwabne pelos aldeões vizinhos católicos, em 1941, desencadeou o que o escritor judeu Konstanty Gebert qualificou como um debate "impressionantemente profundo e corajoso", acrescentando que "o país sofreu uma transformação moral importante".

Não poupo ninguém nas críticas à nova aliança dos conservadores no Parlamento Europeu, mas o veredicto político tem de ser separado do moral e do histórico. A linguagem partidária, com suas frases pré-fabricadas e meias verdades simplistas, é tão pateticamente inadequada aos terrores de Auschwitz e o heroísmo de um Pilecki, que só o fato de usar essa verborragia pode ser considerado como um sacrilégio.

Há um julgamento político, para o qual a questão envolvendo aquilo que um oportunista de direita como Kaminski disse quando se debateu a carnificina em Jedwabne é uma consideração relevante, embora subsidiária. Existe também um julgamento histórico, que os estudiosos, com suas avaliações crescentes sobre a real complexidade do Leste Europeu e a história judaica, estão nos possibilitando fazer. E há ainda o julgamento legal, que deve ser aplicado a todos aqueles que cometeram crimes contra a humanidade.

Mas o fato é que todos nós seguimos esse caminho, apenas sem esses extremos. O que não quer dizer simplesmente que alguns são bandidos e outros heróis. Ocorre que esse mesmo homem ou mesma mulher podem se comportar horrivelmente num determinado momento, e magnificamente em outro. Podemos chegar mais baixo do que o nível dos macacos, ou nos elevarmos acima dos anjos. Somos fracos; somos fortes. Assumimos a culpa. Pedimos misericórdia. Depois envelhecemos, adoecemos e morremos.

*Timothy Garton Ash é escritor britânico e professor na Universidade de Oxford Estadão - Domingo, 27 de Dezembro de 2009 | Versão Impressa



Campo de Auschwitz-Birkenau reconstruído em arte gráfica digital


quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Minha memória do Holocausto



Prof. Dalmo - História


No início da década de 1980 conhecemos uma senhora de origem européia e que na época já contava com mais 70 anos de idade e nós pouco mais do que 18 ou 19 anos. Tínhamos em comum o trabalho voluntário no Posto CVV de Santos, na época funcionando em duas salas do Teatro Municipal, anexo ao Centro de Cultura da Vila Matias. Enquanto aguardávamos os telefonemas ou as visitas de pessoas necessitadas de apoio emocional, líamos ou conversávamos sobre as coisas da vida, incluindo os problemas humanos. Conversamos também sobre religião e ela nos falava das suas idéias sobre o cristianismo, sobretudo o que pensava sobre Jesus. Leitora de toda a obra de Sholem Asch, procurava nos explicar porque tinha um respeito e admiração natural pela inteligência e não uma adoração pela figura do Cristo.

Mas a nossa visão de mundo despertava nela a simpatia e ao mesmo tempo a preocupação com a nossa ingenuidade sobre as coisas e as pessoas. Em meio a um pequeno debate sobre como superar dificuldades, percebendo as nossas opiniões simplistas e radicais, a senhora esticou um dos braços, soltando rapidamente o botão que prendia a manga da blusa no punho. Ao puxar a manga, como se fosse se preparar para medir a pressão , mostrou-nos a parte interna do braço onde se via nitidamente uma tatuagem feita em tinta verde, bastante realçada na sua pele muito clara e envelhecida pela idade. Era uma sequência de muitos números, cujo significado lógico ela não sabia ou não quis explicar naquele momento. Percebemos, no entanto, que naquele instante a sua fisionomia se alterou completamente, parecendo-nos que havia retomado uma experiência tenebrosa. Nunca tinha visto seus olhos, pois sempre usava óculos de sol em tom âmbar, o que lhe dava um ar misterioso e triste. Enquanto ela mostrava os números gravados no braço pude ver seus olhos de cor cinza-esverdeados, revelando alguns segundos de pavor e indignação profunda. As carnes do rosto e as mãos estavam trêmulas. Nem imaginávamos o que se passava em sua mente e que tipo de lembranças a sua memória trazia à tona. Foi então que, num gesto brusco e decidido, ela aproximou o braço em nossa direção para que enxergássemos ainda mais aquele estranho registro numérico e nos disse: “Quem passou por isso jamais poderá dizer que tem problemas difíceis!”. Ela havia passado grande parte da infância num campo de concentração. Não nos lembramos se ela nos disse o nome e o local onde passou pela terrível experiência. Ela não ficou muito tempo naquele horário de plantão e depois que fomos residir em São Paulo nunca mais tivemos notícia suas.

Nos recordamos de tudo isso enquanto assistíamos a um documentário da National Geographic sobre o Campo de Auschwitz-Birkenau. O vídeo mostra a revelação de um álbum de fotografias enviado recentemente por um anônimo ao Museu do Holocausto, hoje instalado no mesmo local desses episódios históricos. As fotos mostram cenas da vida cotidiana dos funcionários do campo, membros da SS, em momentos de lazer e diversão. Entre eles aparece o conhecido Dr. Joseph Mengele, que viveu seus últimos dias no interior de São Paulo (Presidente venceslau) e faleceu por afogamento numa praia do litoral norte do estado (Bertioga). Tenho amigos em Vencelsau que juram tê-lo visto andando pelas cercanias da cidadade cunduzindo uma carroça com lenhas, mas quase ninguém sabia que era Mengele. Ele aparece de braços cruzados nessa primeira fotografia, entre cinco oficiais da SS. Numa das cenas finais do documentário, o diretor do museu pergunta se Deus existe e se a Justiça Divina se manifesta neste ou em outro mundo. Ele não compreende porque Mengele, causador de tantos horrores e incontáveis horas de sofrimento, agonizou somente por três minutos durante a sua morte. Ele também quer saber por que seres humanos são capazes de agir dessa forma sem que a consciência os incomode. Os membros da SS que aparecem felizes e sorridentes nas fotos são os mesmas pessoas que torturaram pela fome e toda sorte de crueldades as mulheres e crianças que passaram por Auschwitz-Birkenau.













Auschwitz-Birkenau é o nome de um grupo de campos de concentração localizados no sul da Polônia, símbolos do Holocausto perpetrado pelo nazismo. A partir de 1940 o governo alemão comandado por Adolf Hitler construiu vários campos de concentração e um campo de extermínio nesta área, então na Polônia ocupada. Houve três campos principais e trinta e nove campos auxiliares.

Os campos localizavam-se no território dos municípios de Auschwitz e Birkenau, versões em língua alemã para os nomes polacos de Oświęcim e Brzezinka, respectivamente. Esta área dista cerca de sessenta quilômetros da cidade de Cracóvia, capital da região da Pequena Polônia.

Os três campos principais eram:

* Auschwitz I - Campo de concentração original que servia de centro administrativo para todo o complexo. Neste campo morreram perto de 70.000 intelectuais polacos e prisioneiros de guerra soviéticos.

* Auschwitz II (Birkenau) - Era um campo de extermínio onde morreram aproximadamente um milhão de judeus e perto de 19.000 ciganos.

* Auschwitz III (Monowitz) - Foi utilizado como campo de trabalho escravo para a empresa IG Farben.

O número total de mortes produzidas em Auschwitz-Birkenau está ainda em debate, mas se estima que entre um milhão e um milhão e meio de pessoas morreram ali.

Como todos os outros campos de concentração, os campos de Auschwitz eram dirigidos pela SS comandada por Heinrich Himmler. Os comandantes do campo foram Rudolf Höss até o verão de 1943, seguiu-lhe Artur Leibehenschel e Richard Baer. Hoess deu uma descrição detalhada do funcionamento do campo durante seu interrogatório ao final da Segunda Guerra Mundial, detalhe que complementou em sua autobiografia. Ele foi executado em 1947 em frente da entrada do forno crematório de Auschwitz I.

Durante os anos de operação do campo, perto de 700 prisioneiros tentaram escapar do campo, dos quais 300 tiveram êxito. A pena aplicada por tentativa de fuga era geralmente a morte por inanição. Geralmente, as famílias dos fugitivos eram presas e "internadas" em Auschwitz para serem exibidas como advertência a outros prisioneiros.

Auschwitz I foi o centro administrativo de todo o complexo. Foi aberto em 20 de maio de 1940, a partir de barracas de tijolo do exército polonês. Os primeiros prisioneiros do campo foram 728 políticos poloneses de Tarnów. Inicialmente, o campo foi utilizado para internar membros da resistência e intelectuais poloneses, mais adiante foram levados para lá também prisioneiros de guerra da União Soviética, prisioneiros comuns alemães, elementos anti-sociais e homossexuais. No primeiro momento chegaram também prisioneiros judeus. Geralmente o campo abrigava entre treze e dezesseis mil prisioneiros, alcançando a quantidade de vinte mil em 1942.

À entrada de Auschwitz I lia-se (e ainda hoje se lê) as palavras: "Arbeit macht frei" (o trabalho liberta). Os prisioneiros do campo saíam para trabalhar durante o dia nas construções do campo, com música de marcha tocada por uma orquestra.

As SS geralmente seleccionavam prisioneiros, chamados kapos, para fiscalizar os restantes. Todos os prisioneiros do campo realizavam trabalhos e, excepto nas fábricas de armas, o domingo era reservado para limpeza com duches e não havia trabalho. As severas condições de trabalho unidas à desnutrição e pouca higiene faziam com que a taxa de mortalidade entre os prisioneiros fosse muito elevada. O bloco 11 de Auschwitz I era a prisão dentro da prisão e ali se aplicavam os castigos. Alguns deles consistiam em prendê-los por vários dias em cela demasiado pequena para sentar-se. Outros eram executados, pendurados ou deixados a morrer de fome.

Em Setembro de 1941, as SS realizaram no bloco 11 os testes do gás Zyklon B, nos que morreram 850 prisioneiros polacos e russos. Os testes foram considerados bem sucedidos e em consequência construíram uma câmara de gás e um crematório. Essa câmara de gás foi utilizada entre 1941 e 1942 para logo ser convertida em refúgio antiaéreo.

A primeira mulher chegou ao campo em 26 de março de 1942. Entre abril de 1943 e maio de 1944 levaram-se a cabo experimentos de esterilização em mulheres judias no bloco 10 de Auschwitz I. O objetivo era o desenvolvimento de um método simples que funcionasse com uma injeção para ser utilizado na população eslava. O doutor Josef Mengele experimentou com gêmeos nesse mesmo complexo. Quando um prisioneiro não se recuperava rapidamente, geralmente era executado com uma injeção letal de fenol.

Um bordel foi criado no verão de 1943 por ordens de Himmler. Estava localizado no bloco 24 e era utilizado para premiar os prisioneiros privilegiados. Os guardas selecionavam prisioneiras para este campo, mas também aceitavam voluntárias atraídas pelas melhores condições alimentícias.

Auschwitz II (Birkenau) é o campo que a maior parte das pessoas conhece como Auschwitz. Ali se encerraram centenas de milhares de judeus e ali também foram executados mais de um milhão de judeus e ciganos.

O campo está localizado em Brzezinka (Birkenau), a 3 km de Auschwitz I. A construção iniciou-se em 1941 como parte da Endlösung der Judenfrage (solução final). O campo tinha área de 2,5 por 2 km e estava dividido em várias seções, cada uma delas separadas em campos. Os campos, como o complexo inteiro, estavam cercados e rodeados de arame farpado e cercas elétricas (alguns prisioneiros utilizaram-nas para cometer suicídio). O campo albergou até 100.000 prisioneiros em dado momento.

O objetivo principal do campo não era o de manter prisioneiros como força de trabalho (caso de Auschwitz I e III) mas sim de exterminá-los. Para cumprir esse objetivo, equipou-se o campo com quatro crematórios e câmaras de gás. Cada câmara de gás podia receber até 2.500 prisioneiros por turno. O extermínio em grande escala começou na primavera de 1942.

A maioria dos prisioneiros chegava ao campo por trem, com freqüência depois de uma terrível viagem, em vagões de carga, que durava vários dias. A partir de 1944, estendeu-se a linha para que os trens chegassem diretamente ao campo. Algumas vezes, logo após a chegada, os prisioneiros eram conduzidos diretamente às câmaras de gás. Em outras ocasiões, os nazistas selecionavam alguns prisioneiros, sob a supervisão de Josef Mengele, para ser enviados a campos de trabalho ou para realizar experimentos. Geralmente as crianças, os anciãos e os doentes eram enviados directamente para as câmaras de gás.

Quando um prisioneiro passava pela seleção inicial, era enviado a passar um período de quarentena, após o que se lhe atribuía uma tarefa no próprio campo ou era enviado a trabalhar em algum dos campos de trabalho anexos.

Aqueles que eram selecionados para exterminação eram enviados a um dos grandes complexos de câmara de gás/crematório nos extremos do campo. Dois dos crematórios (Krema II e Krema III) tinham instalações subterrâneas, uma sala para despir e uma câmara de gás com capacidade para milhares de pessoas. Para evitar o pânico, informava-se às vítimas que receberiam ali uma ducha e um tratamento desinfetante. A câmara de gás tinha inclusive tubulações para duchas, embora nunca tenham sido conectadas à rede de água. Ordenava-se às vítimas que se despissem e deixassem seus pertences no vestiário, onde supostamente poderiam recuperá-las ao final do "tratamento", recomendando-se que recordassem o número da localização de seus pertences. Uma vez selada a entrada, descarregava-se o agente tóxico Zyklon B pelas aberturas no teto. As câmaras de gás nos crematórios IV e V tinham instalações na superfície e o Zyklon B se introduzia por janelas especiais nas paredes. Os corpos eram levados por prisioneiros selecionados para trabalhar na operação das câmaras de gás e fornos crematórios (chamados Sonderkommando), a uma sala de fornos anexa, para cremação.

A Alemanha invadiu a Hungria em março de 1944. Entre maio e julho de 1944, perto de 438.000 judeus da Hungria foram deportados para Auschwitz-Birkenau e a maioria deles foi lá executada. Se a capacidade dos fornos não era suficiente, os corpos eram queimados em fogueiras ao ar livre.

Famílias inteiras de ciganos foram encerradas em uma seção especial do campo. A maior parte foi para as câmaras de gás em julho de 1944; em 10 de outubro desse ano procedeu-se à execução dos meninos ciganos restantes em Birkenau.

Em 7 de outubro de 1944, os Sonderkommandos judeus, que eram mantidos separados do restante dos prisioneiros, organizaram uma revolta. As prisioneiras tinham conseguido extrair explosivos de uma fábrica de armas e os utilizaram para destruir parcialmente o crematório IV e tratar de escapar na confusão. Os 250 prisioneiros foram capturados e imediatamente executados.

Auschwitz III e os campos ajudantes

Os campos auxiliares de trabalho, instalados no complexo de Auschwitz, estavam estreitamente relacionados com a indústria alemã, principalmente nas áreas militar, metalúrgica e mineradora. O maior campo de trabalho era Auschwitz III Monowitz, que iniciou suas operações em maio de 1942. Este campo estava associado com a empresa IG Farben e produzia combustíveis líquidos e borracha sintética. A intervalos regulares, o pessoal médico de Auschwitz II fazia revisões sanitárias a fim de enviar os doentes e débeis às câmaras de gás de Birkenau.

Mulheres em Auschwitz

As primeiras prisioneiras assim como as primeiras vigilantes chegaram ao campo em março de 1942, transladadas do campo de Ravensbrück na Alemanha. O campo feminino foi mudado para Auschwitz-Birkenau em outubro de 1942, e Maria Mendel foi nomeada chefe de vigilância. Perto de um total de 1.000 homens e 200 mulheres da SS serviram como supervisores de vigilância em todo o complexo de Auschwitz.

O conhecimento dos aliados

Desde 1940, Witold Pilecki, um soldado da Armia Krajowa (organização de resistência polonesa à ocupação nazista) foi voluntário para ser levado como prisioneiro a Auschwitz e produziu uma considerável quantidade de informação que foi levada até Varsóvia e dali até Londres. Por outra parte, os aliados tinham informação aérea detalhada dos campos desde maio de 1944. Dois prisioneiros que conseguiram fugir,(Rudolph Vrba e Alfred Wetzler), tinham reunido descrições precisas e mapas que chegaram aos aliados durante o verão de 1944. Em 13 de setembro de 1944, bombardeiros dos Estado Unidos atacaram a fábrica da Buna Werke associada com Auschwitz III, destruindo-a parcialmente.

Evacuação e liberação

As câmaras de gás do Birkenau foram destruídas pelos nazis em novembro de 1944 com a intenção de esconder as atividades do campo das tropas soviéticas. Em 17 de janeiro de 1945 os nazistas iniciaram uma evacuação do campo. A maioria dos prisioneiros deveria partir para o oeste. Aqueles muito fracos para caminhar foram deixados para trás. Perto de 7.500 prisioneiros (ou 3.000 segundo outras fontes), pesando entre 23 e 35Kg, foram liberados pelo Exército Vermelho em 27 de janeiro de 1945.

Alguns prisioneiros conhecidos

* Anne Frank - foi internada em Auschwitz-Birkenau entre setembro e outubro de 1944. Logo foi transladada ao campo de concentração de Bergen-Belsen onde morreu de febre tifóide.

* Edith Stein - católica de origem judia. Morreu nas câmaras de gás de Auschwitz II.

* Elie Wiesel - sobreviveu a sua reclusão em Auschwitz III Monowitz e escreveu sobre suas experiências.

* Felix Nussbaum - assassinado em Auschwitz em Agosto de 1944 com sua esposa Felka Platek.
* Hans Krása - compositor tcheco, pereceu em Auschwitz.

* Imre Kertész - húngaro, Prémio Nobel da Literatura, permaneceu em Auschwitz II por três dias no verão de 1944 após o que foi considerado apto para o trabalho corporal e foi transferido para Buchenwald.

* Jean Améry - escritor austríaco.

* Józef Cyrankiewicz - presidiu o governo da Polônia entre 1947 e 1952, e entre 1954 e 1970. Foi também presidente entre 1970 e 1972

* Maximillian Kolbe - Padre Católico e Salesiano que foi prisioneiro em Auschwitz I se fazendo voluntário para morrer de fome em lugar de outro prisioneiro e morreu em 1941. Foi canonizado pelo Papa João Paulo II em 10 de Outubro de 1982, na presença de Franciszek Gajowniczek, o homem cujo lugar o padre tomou e que sobreviveu aos horrores de Auschwitz.

* Miklos Nyiszli - médico patologista romeno com alto grau de conhecimento em medicina legal que foi enviado ao campo de Auschwitz, morreu em 1956.

* Primo Levi - escritor italiano, esteve preso durante dez meses em Auschwitz, onde tinha de trabalhar na fábrica Buna-Werke. Foi libertado pelo Exército Vermelho e mais tarde escreveu sobre suas experiências.

* Simone Veil - advogada e política francesa.

* Viktor Frankl - médico e psiquiatra austríaco.

* Vladek Spiegelman - pai do cartunista Art Spiegelman.

* Witold Pilecki - soldado polonês do Armia Krajowa, voluntário para "internar-se" em Auschwitz. Organizou a resistência e informou aos aliados do ocidente sobre as atrocidades que ali ocorriam. Tomou parte do levante de Varsóvia

* Władysław Bartoszewski - Foi ministro polaco dos negócios estrangeiros entre 1995–2000. Criminosos de guerra Perto de um total de 7.300 membros da SS serviram em Auschwitz realizando pequenas ou grandes tarefas com o objetivo de obter a solução final ao problema judeu. A maioria deles sobreviveram à guerra. Deles, somente 750 foram levados a julgamento e a maioria somente em relação com crimes contra a população polonesa.

"Negacionismo"

Após o fim da Segunda Guerra Mundial houve intentos de negar o propósito dos campos de extermínio ou sua magnitude. Afirmou-se que seria impossível queimar um tal número de corpos ou que as instalações, que podem ser visitadas na atualidade, foram reconstruídas depois da guerra para que estivessem em concordância com o que se contou sobre Auschwitz ao final da guerra.

O testemunho de Oskar

Oskar Gröning, ex- membro das juventude hitlerista e do partido nazista, fez parte Waffen SS com a idade de 20 anos. Em 1942, depois de dois anos de trabalho administrativo na SS, foi servir em Auschwitz. Inicialmente Gröning acreditava que este era um campo de concentração normal, mas imediatamente observou, como parte de sua iniciação ao trabalho do campo, a chegada de um primeiro comboio de prisioneiros. Após a triagem feita pelo "pessoal médico" da SS, 20% dos recém-chegados eram levados para trabalhar nos campos, enquanto os doentes eram transportados em macas, com o símbolo da Cruz Vermelha, que davam uma ilusão de normalidade. Gröning fez parte do grupo que levou os prisioneiros inaptos para o trabalho ou doentes até as câmaras de gás, disfarçadas como duchas. Finalmente presenciou a queima dos corpos nos fornos crematórios e a organização dos bens para sua posterior classificação. Gröning solicitou ser transferido para uma unidade de combate, mas seus serviços como administrativos eram requeridos ali e portanto passou cerca de dois anos levando as contas dos bens recuperados dos pertences dos prisioneiros. Ao final da guerra foi feito prisioneiro até 1948. Durante seu interrogatório omitiu seu período em Auschwitz. Recentemente, cansado do aumento da propaganda negacionista sobre o Holocausto e com a proximidade do sexagésimo aniversário da liberação de Auschwitz, Oskar decidiu testemunhar sobre seu passado nazista. Sua decisão de falar, 60 anos depois, deveu-se a conversações com amigos, convencidos pela propaganda negacionista do exagero montado em torno de Auschwitz.


Fonte: Wikipédia