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A revolução que testemunhei em 40 anos - Ethevaldo Sequeira - LAS VEGAS
Nunca pensei que 40 anos pudessem fazer tanta diferença na história da humanidade. Não apenas na política internacional ou na economia, mas, em especial, na tecnologia. Voltemos a 1970, para comprovar, leitor. Naquele ano, a humanidade não dispunha de computadores pessoais, nem de CDs, de TV digital, de DVDs, de Blu-rays, de celulares, de internet, de tomografia computadorizada ou de imagens de vídeo de alta definição. Tudo isso intriga os garotos e jovens de hoje, que nos perguntam, admirados: "Como era viver num mundo sem computador, celular e internet?"
Essa reflexão me vem à mente logo que o avião começa a se aproximar de Las Vegas, aonde venho para fazer a cobertura, pela quadragésima vez, de mais uma edição do Consumer Electronics Show (CES 2010), também conhecido por Feira de Las Vegas, maior evento mundial de eletrônica de entretenimento. Entre centenas de inovações que deverão ser lançadas este ano, estão o computador tablet duplo Entourage Edge, com duas telas de cristal líquido (LCD); o Electronic Housekeeper, um servidor que controla o consumo de água, luz e energia de toda a casa; os novos e-books; Blu-ray disc-3D, para imagens tridimensionais; e, talvez, o super-celular do Google.
Durante a semana do CES 2010, cerca de 120 mil pessoas visitarão seus 2.500 estandes (450 dos quais de empresas chinesas), numa área total de 140 mil metros quadrados. Para mim, o melhor desse evento é ouvir palestras de especialistas e entrevistar líderes da indústria sobre as grandes tendências da eletrônica, em áudio, vídeo e multimídia.
Ao longo de quatro décadas, essa Feira de Las Vegas me tem proporcionado a oportunidade de ouvir algumas celebridades, como Akio Morita, ex-presidente da Sony; Bill Gates, da Microsoft; Steve Jobs, da Apple; John Chambers, da Cisco; Craig Barrett e Paul Otellini, da Intel; Larry Page, do Google; além de visionários como Alvin Toffler, Nicholas Negroponte ou Don Tapscott.
Em janeiro de 2008, permaneci durante três horas em pé, numa longa fila, com mais de 2 mil jornalistas, para garantir um lugar no auditório onde Bill Gates falaria pela décima e última vez na condição de presidente da Microsoft e como keynote speaker, na pré-abertura do CES.
Da janela de meu quarto, num vigésimo andar, tenho uma vista preciosa de Las Vegas, uma cidade que nunca dorme. Por suas luzes e a loucura de sua arquitetura, é o melhor exemplo de urbe psicodélica. Quando vista do espaço, contam os astronautas, Las Vegas é a cidade mais luminosa do planeta.
As mudanças aqui foram profundas em 40 anos. Em 1970, sua população metropolitana não passava de 120 mil habitantes. Hoje são quase 2 milhões. É a maior cidade norte-americana fundada no século 20 (em 1905). Turismo, jogo e entretenimento rendem bilhões de dólares por ano. A permissividade extrema desta "sin city" (cidade do pecado), talvez, explique o fato de ser a campeã mundial de suicídios e de divórcios.
Muito além do jogo, no entanto, Las Vegas tem coisas extraordinárias. São os espetáculos do Cirque du Soleil, os concertos e shows de artistas famosos, a infraestrutura incomparável de seu imenso centro de convenções, de seus luxuosos hotéis e finos restaurantes. Esse conjunto de fatores, fez de Las Vegas um dos centros mundiais da indústria de feiras e eventos de grande porte, competindo com Hannover e Frankfurt, na Alemanha.
Estadão- domingo, 03 de Janeiro de 2010